16 de novembro de 2015

PARA 62,6% DE MORADORES DA PERIFERIA A POLÍCIA É RACISTA

Pesquisa realizada com 513 pessoas maiores de 16 anos, no mês de outubro, em quatro bairros e um município nas periferias da Grande São Paulo (Capão Redondo, Heliópolis, Perus, Guaianases e Osasco), aponta que 62,6% das pessoas acreditam que a polícia é racista, enquanto 23,4% discordam da maioria. Outros 13,5% não sabem.


A pesquisa também fez algumas perguntas para entender quais soluções as pessoas dariam para combater a criminalidade. A solução com maior destaque sugerida pelos entrevistados foi a necessidade de ter leis mais duras: 93,2% das pessoas; 4,9% não acham que o endurecimento das leis seja a solução e 1,9% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Para o jornalista Bruno Paes Manso, pós-doutorando no Núcleo de Estudos da Violência da USP, e autor do livro "O Homem X: uma reportagem sobre a alma do assassino em São Paulo", as pessoas que moram nas periferias acreditam que a polícia é racista por verem mais facilmente "um jovem negro tomar uma geral, do que um branco, velho ou mulher". Paes Manso também explica que, apesar da população periférica ver a polícia como preconceituosa, não é dever desses moradores encontrar a solução: "as pessoas falam sobre o que experimentam, vêem e sabem por viver na periferia, mas, por também terem medo da criminalidade, não podem ser ouvidas como se fossem especialistas, governador ou alguém que tivesse a obrigação de saber".

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo ressalta que "os policiais são preparados para lidar com a diversidade racial, com disciplina de Direitos Humanos nas escolas de formação das polícias Civil e Militar". A secretaria ainda afirma que "o relatório final da CPI sobre homicídios de jovens negros e pobres da Câmara dos Deputados elogiou a Resolução SSP 40/15. A medida garante maior eficácia nas investigações de mortes, pois determina o inédito comparecimento das Corregedorias e dos Comandantes da região, além de equipe específica do IML [Instituto Médico Legal] e IC [Instituto de Criminalística], para melhor preservação do local dos fatos e eficiência inicial das investigações. A resolução também prevê a imediata comunicação ao Ministério Público." 

A PESQUISA
Coordenada por Esther Solano (doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo) e com tratamento estatístico de André Chalom (mestre em Bioinformática pela Universidade de São Paulo), a pesquisa realizada no dia 24 de outubro de 2015, das 9h às 15h, tem a margem de erro de 4,3%, tendo 95% de confiança. Dos entrevistados, 57,3% é do sexo masculino; 42,5% feminino; e 0,2% nenhum ou não respondeu.

Dentre as pessoas que responderam a pesquisa, 17,5% têm entre 16 e 20 anos; 26,3% de 20 a 30 anos; 23% de 30 a 40; 14,6% de 40 a 50; 10,3% têm a idade entre 50 e 60; 6% de 60 a 70; 1,8% de 70 a 80 anos; e 0,4% tem mais de 80 anos anos.

A renda familiar de até R$ 1576,00 por mês é a predominante entre os entrevistados: 37,8%. 28,7% tem a renda entre R$ 1576,00 e R$ 2364,00; 30,6% entre R$ 2364,00 e R$ 7880,00; apenas 1,6% tem a renda familiar superior a R$ 7880,00. E 1,4% não tem nenhuma renda ou não quiseram responder.

2 comentários:

  1. mano muita boa seu máteria, deveriam ter mais kaiques por ai!!!

    ResponderExcluir