18 de dezembro de 2014

CENTENAS DE FAMÍLIAS TERÃO QUE DESOCUPAR TERRENO NO GRAJAÚ

Foi determinada, na quinta-feira (11/12), pela Justiça de São Paulo, reintegração de posse no terreno denominado Morada do Sol, localizado no Jardim Porto Velho, Grajaú, periferia sul de São Paulo. O terreno possui uma área de aproximadamente 220 mil metros quadrados, e conta com mais de 300 famílias residindo no local desde julho de 2013.



Ocupação Morada do Sol, zona sul de São Paulo (Foto: Clarissa Zuza)

Segundo moradores do bairro, nos anos anteriores à ocupação o terreno encontrava-se abandonado, sem nenhuma manutenção periódica e frequentemente se deparavam com corpos depositados no local após homicídios em bairros próximos.

A maioria dos ocupantes residem junto à família com mais de três crianças, e quase todos afirmam que se saírem da Morada do Sol não terão outro lugar para morar, tendo em vista que os salários pagos pela função que desenvolvem não é o suficiente para pagar os altos valores de aluguel.

Diolino Antônio Dias, de 68 anos, mora em um pequeno barraco, de três cômodos, com mais 10 pessoas – esposa, filhos e filhas – e tem como renda apenas a aposentadoria, de R$ 724,00 mensal, mais os aproximados R$ 15,00 de lucro diário que obtém através da venda de cocada, que ele mesmo faz. O idoso declara que se forem obrigados a sair da ocupação terá enorme dificuldade para ter um teto e colocar alimento dentro de casa. “Não podemos dormir na rua. Se sairmos daqui teremos que sacrificar a comida para poder pagar aluguel”, lamenta.

A Associação de Moradores do Jardim Belcito, representante da ocupação, em nota, afirma que procurou diversas vezes o proprietário do terreno para negociar, todavia o dono atendeu apenas uma vez, onde fez uma proposta e, mesmo antes da resposta da Associação, entrou na justiça com o pedido de reintegração de posse.

“O pessoal aqui está disposto a pagar pelo pedaço de chão. Estamos dispostos a negociar. Mas o senhor Cláudio [proprietário do terreno] fez uma proposta inviável uma única vez e não ouviu nossa proposta”, explica Raimundo Nonato, 52, líder da ocupação.

Entrei em contato com Maria Madalena, esposa de Cláudio Moro, possuidora legal do terreno, e ela disse que está muito indignada com a ocupação, pois antes da instalação das casas, a guarda ambiental havia impedido a remoção de algumas árvores do local para construção de estacionamento para seus caminhões e tratores, e, agora, só quer retomar a posse do terreno para depois planejar o que será feito. “Quando eu queria fazer minhas coisas lá a ambiental impediu, agora eu não sei o que fazer. Eles [ocupantes] têm que sair de lá para eu sentar e pensar o que vou fazer na área”, afirma a proprietária.

O advogado que defende a Associação do Jardim Belcito disse que recorrerá à decisão.



Fotos: Clarissa Zuza