Foi determinada, na quinta-feira (11/12), pela Justiça de São Paulo, reintegração de posse no
terreno denominado Morada do Sol, localizado no Jardim Porto Velho, Grajaú,
periferia sul de São Paulo. O terreno possui uma área de aproximadamente 220 mil metros quadrados, e conta com mais de 300 famílias residindo no
local desde julho de 2013.
Segundo moradores do bairro, nos anos anteriores à
ocupação o terreno encontrava-se abandonado, sem nenhuma manutenção periódica e frequentemente se deparavam com
corpos depositados no local após homicídios em bairros próximos.
A maioria dos ocupantes residem junto à família com mais de três crianças, e quase todos afirmam que se saírem da Morada do Sol não
terão outro lugar para morar, tendo em vista que os salários pagos pela função que desenvolvem não é o suficiente
para pagar os altos valores de aluguel.
Diolino Antônio Dias, de 68
anos, mora em um pequeno barraco, de três cômodos, com mais 10 pessoas –
esposa, filhos e filhas – e tem como renda apenas a aposentadoria, de R$
724,00 mensal, mais os aproximados R$ 15,00 de lucro diário que obtém através da venda de
cocada, que ele mesmo faz. O idoso declara que se forem obrigados a sair da
ocupação terá enorme dificuldade para ter um teto e colocar alimento dentro de
casa. “Não podemos dormir na rua. Se sairmos daqui teremos que sacrificar a
comida para poder pagar aluguel”, lamenta.
A Associação de Moradores do
Jardim Belcito, representante da ocupação, em nota, afirma que procurou diversas vezes o proprietário do terreno para negociar, todavia o dono atendeu apenas uma vez, onde fez uma proposta e, mesmo antes da resposta da Associação,
entrou na justiça com o pedido de reintegração de posse.
“O pessoal aqui está
disposto a pagar pelo pedaço de chão. Estamos dispostos a negociar. Mas o
senhor Cláudio [proprietário do terreno] fez uma proposta inviável uma única
vez e não ouviu nossa proposta”, explica Raimundo
Nonato, 52, líder da ocupação.
Entrei em contato com Maria
Madalena, esposa de Cláudio Moro, possuidora legal do terreno, e ela disse que está muito indignada com a ocupação,
pois antes da instalação das casas, a guarda ambiental havia impedido a remoção de algumas árvores
do local para construção de estacionamento para seus caminhões e tratores, e,
agora, só quer retomar a posse do terreno para depois planejar o que será feito. “Quando eu queria fazer minhas coisas lá a ambiental impediu, agora
eu não sei o que fazer. Eles [ocupantes] têm que sair de lá para eu sentar e
pensar o que vou fazer na área”, afirma a proprietária.
O advogado que defende a Associação do Jardim Belcito disse que recorrerá à decisão.
Fotos: Clarissa Zuza
O advogado que defende a Associação do Jardim Belcito disse que recorrerá à decisão.
Fotos: Clarissa Zuza