7 de dezembro de 2015

24H DENTRO DE ESCOLA OCUPADA NA ZONA OESTE DE SÃO PAULO

O blog Fala, Kaique! acompanhou e publicou na página do Facebook, da tarde de quinta-feira (03/12) até às 14h24 de sexta-feira (04/12), a rotina da ocupação na Escola Estadual Anhanguera, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. Durante as 24 horas de cobertura em tempo real, foi postados na fan page do blog o que aconteceu de mais importante na ocupação.
Entrada da Escola Estadual Anhanguera (Foto: Kaique Dalapola)
Além de usaram espaços na escola que antes da ocupação não era possível, como a quadra para o período noturno e as salas com apostilas, livros e instrumentos musicais, os estudantes pintaram a escola, cantaram, estudaram, praticaram esportes, fizeram festa e ainda receberam diversos visitantes e apoiadores. Confira, abaixo, como foi as 24 horas no colégio.


3 de dezembro de 2015

15h07 - Estudantes da E.E. Anhanguera fazem a limpeza interna da escola. No momento, somente alunos que fazem parte da ocupação podem entrar na escola. As atividades do dia, inclusive a autorização do início da cobertura do Fala, Kaique será decidida em assembleia dos estudantes, às 17h.

16h01 - Alunos limpam parede pichada em um dos corredores da E.E. Anhanguera. Segundo os estudantes "pessoas que vem visitar a ocupação fazem isso para atrasar o movimento".

16h46 - "Eu fiquei com nota vermelha em Geografia porque a diretoria falou que não tinha mais apostilas", disse Vitor, do 2° ano do Ensino Médio da Anhanguera ao se deparar com centenas de apostilas em sala trancada pela diretora antes da ocupação.

17h33 - Com clima tenso, alunas no Ensino Médio acabam de entregar carta à diretora da escola dizendo que só desocuparão a E.E. Anhanguera com o fim da reorganização escolar imposta pelo Governo, e se tiver maior participação dos alunos na gestão escolar. A diretora Maria Helena Souza afirmou que os alunos já podem participar por meio de conselhos escolares e se negou a falar sobre os materiais encontrados por alunos. Entretanto, Maria Helena alegou que as salas ficam abertas. As alunas contestaram acerca da abertura das salas e ela não quis mais falar sobre o caso.

17h55 - Alunos do 2° ano do Ensino Médio da manhã usam as tintas que estavam nas salas trancadas no fundo da escola para pintar paredes pichadas no prédio da E.E. Anhanguera.

18h45 - Os alunos da E.E. Anhanguera continuam pintando a escola para tirar as sujeiras das paredes. Os estudantes estão fazendo a pintura em salas de aula. "Agora, quando eu ver alguém sujando alguma coisa eu vou cobrar, porque somos nós que estamos limpando", disse estudante do ensino médio da manhã.

18h55 - Bolachas, café e estudo. Alunos já prepararam e disponibilizam o lanche da tarde para os estudantes que ocupam a E.E. Anhanguera. Alguns usam o tempo para escrever e fazer lições.

19h04 - Alunos usam materiais encontrados na escola e mesa de ping-pong para praticar o esporte na E.E. Anhanguera. "Só temos a oportunidade de jogar aqui com a ocupação. Dias normais de aula aqui fica fechado", explica Mateus, do 1° ano do EJA (Educação de Jovens e Adultos)

19h13 - A pintura na E.E. Anhanguera continua. Agora os alunos estão pintando o muro do lado de fora da escola. "Eu nunca tinha visto isso [alunos pintarem escola]. Quando tava sem ocupação, nem pintavam aí", disse funcionário de estacionamento em frente à escola.

19h39 - Os alunos agora tocam e cantam, mantendo a tradição dos estudantes de trazerem instrumentos para tocar músicas na E.E. Anhanguera.

20h - Os alunos recepcionam visitantes que querem conhecer a ocupação e o trabalho dos estudantes na E.E. Anhanguera.

20h04 - Os alunos da E.E. Anhanguera apresentam a escola à estudante universitária que veio conhecer a instituição.

20h11 - Os estudantes usam a quadra da E.E. Anhanguera para jogar futebol. Conforme disse Guilherme, do 2° ano do Ensino Médio noturno, a quadra havia sido liberada aos alunos da turma da noite só uma vez, quando teve campeonato na escola. Guilherme ainda ressalta que "antes da ocupação, a quadra vivia suja e ninguém nem se interessava em usar."

20h38 - Cerca de 40 alunos estão agora dentro da E.E. Anhanguera, escola que está completando hoje uma semana de ocupação contra a reorganização escolar imposta pelo Governo do Estado de São Paulo.

20h56 - Os estudantes iniciam preparativos para confraternização de uma semana de ocupação e resistência, como explicam alunos.

21h13 - Os estudantes da E.E. Anhanguera utilizam a quadra da escola para jogar vôlei. "É a primeira vez que estou usando a quadra. Geralmente fica fechada à noite", disse Thaís, aluna do 1° ano do Ensino Médio noturno.

21h28 - "O Anhanguera mandou avisar / que se fechar / nós vamos ocupar", com essa música, inicia-se confraternização dos estudantes para exaltar a primeira semana de ocupação e resistência.

22h05 - A Polícia Militar veio perguntar aos alunos se estão precisando de alguma coisa. Os PMs ainda afirmaram que moradores da região ligaram para a Polícia denunciando que os estudantes estão perturbando os moradores. Os alunos acreditam que a denúncia foi feita pela diretora do colégio, cuja também é caseira da escola.

22h27 - Alunos responsáveis pela segurança da ocupação se posicionam na entrada da escola. Com o portão trancado, como fica o dia inteiro, a partir de agora ninguém mais entra na ocupação. "Os visitantes não podem mais entrar esse horário por causa da nossa segurança, e da deles também, porque esse horário é ruim de ônibus", disseram os estudantes.

22h43 - Professora de física da E.E. Anhanguera vem conversar e apoiar os alunos que estão ocupando a escola. A professora está lendo algumas notícias sobre outras ocupações.

22h53 - Moradores da região vêm oferecer mantimentos aos estudantes que estão ocupando a E.E. Anhanguera.

23h12 - Os estudantes limpam as mesas para servir refeição aos alunos que vão passar a noite acordados na E.E. Anhanguera.

23h19 - Com dinheiro de doações dos pais, professores e moradores da região e colaboração dos estudantes, os alunos da E.E. Anhanguera compraram salgados para serem servidos durante a madrugada.

23h38 - Estudantes da E.E. Anhanguera iniciam assembleia para fazer balanço do dia e planejar o futuro da ocupação.

23h56 - Após assembleia, estudantes começam se alimentar com salgados.

4 de dezembro de 2015

00h43 - Estudantes de outras ocupações e moradores da região chegam para conversar com os alunos da E.E. Anhanguera, e apoiá-los durante a madrugada.

01h04 - Professor da E.E. Anhanguera vem apoiar os estudantes no portão da escola. Os alunos servem o docente com salgados e refrigerante.

01h40 - Conversas, brincadeiras e ensinamentos. Essas são as palavras que explicam a conversa de madrugada entre estudantes e professor da E.E. Anhanguera.

02h26 - Estudantes usam a sala de vídeo da E.E. Anhanguera e assistem filme escolhido em acordo entre os alunos.

03h18 - Os estudantes da E.E. Anhanguera preparam faixa para luta programada para as próximas atividades. A faixa traz a frase "ou vc se organiza, ou (re)organizam vc / E.E. Anhanguera Escola de Luta".

03h59 - Alguns estudantes estão dormindo em barracas e salas. Cerca de 20 alunos ainda estão acordados na segurança da ocupação.

04h06 - Jornais chegam na E.E. Anhanguera e os estudantes debatem sobre as manchetes dos jornais Folha de S. Paulo e Estadão.

05h47 - Começa amanhecer, e os estudantes responsáveis pela segurança da ocupação continuam na entrada da E.E. Anhanguera. Dezenas de alunos estão dormindo. Daqui a pouco inicia as atividades de hoje (04/11).

06h13 - Estudantes da ocupação E.E. Anhanguera começam acordar para iniciar atividades do dia.

7h00 - Alunos da E.E. Anhanguera vão até Escola Estadual Pereira Barreto conversar sobre a reorganização. A direção da Pereira Barreto interrompeu, há dois dias, as aulas com medo de ocupação, segundo informou a diretora do colégio.

08h53 - Mais alunos da E.E. Anhanguera vão para escola Pereira Barreto, que fica cerca de 600 metros de distância, para apoiar estudantes que acabam de ocupar a escola. A polícia está no local, e promete desocupar o colégio.

10h40 - Enquanto alguns estudantes foram à escola Pereira Barreto, outros recevem os alunos do Centro Juvenil, da Lapa, que vieram visitar a E.E. Anhanguera, e conhecer mais sobre a organização da ocupação.

11h42 - Os estudantes da E.E. Anhanguera estão com as forças voltadas para Escola Pereira Barreto. Desde 7h da manhã, alguns alunos da Pereira se manifestam em frente à escola por causa da suspensão das aulas deste ano, e cancelamento das atividades que seriam feitas em sala de aula. Durante o horário da entrada, os professores recolheram as atividades e apostilas dos estudantes. Segundo professor do colégio, "a aula foi suspensa por medo de 'invasão'".

12h25 - Os estudantes da E.E. Anhanguera estão postos em frente à E.E. Pereira Barreto. A PM foi acionada para o local com o objetivo de impedir a entrada dos alunos à escola. A direção do colégio decidiu, há dois dias, finalizar as atividades escolares de 2015.

13h12 - De volta à E.E. Anhanguera, onde ficarão concentrados para aguardar pronunciamento do governador Geraldo Alckmin acerca do projeto de reorganização, os estudantes preparam o almoço.

13h57 - Estudantes almoçam na E.E. Anhanguera na expectativa de ouvir o pronunciamento do governador Geraldo Alckmin, que pode suspender ou derrubar o projeto de reorganização escolar, resultando em uma vitória dos alunos que completam hoje oito dias de ocupação (Obs.: As ocupações escolares no estado de São Paulo começaram em 09 de novembro, na E.E. Fernão Dias)


14h24 - Após decisão do governo de suspender projeto de reorganização escolar por um ano, o aluno do 2º ano do Ensino Médio noturno da E.E. Anhanguera, Sidney, disse que "não vamos desocupar. O governo suspendeu, e nós não queremos suspensão, queremos o cancelamento das reorganizações escolares. Nós também queremos que todos policiais que agrediram os alunos sejam punidos, que todos estudantes presos sejam soltos e que ninguém que apoiou as ocupações - professores, alunos e pais - sejam penalizados por isso"!


ENDEREÇO DA ESCOLA
Rua Nossa Senhora da Lapa, 615 
Lapa - São Paulo - SP
CEP: 05072-000

O colégio continua ocupado e, mesmo depois da suspensão por um ano do projeto de reorganização escolar, os estudantes afirmam que a escola só será desocupada com o cancelamento da reorganização.

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