18 de agosto de 2015

PREFEITO DE EMBU-GUAÇU DIZ QUE CIPÓ TEM MELHORES MÉDICOS

Durante entrevista realizada na segunda-feira (10/08) à tarde, no Gabinete da Prefeitura, localizado à rua Coronel Tenório de Brito, no centro do município, o prefeito de Embu-Guaçu, Clodoaldo Leite, falou que a saúde pública da cidade serve como espelho para outros municípios, e afirmou que os melhores médicos atendem no distrito do Cipó. Quando questionado sobre as manifestações de março (veja matéria), o prefeito se incomodou com a possibilidade de ter sido a primeira e mais organizada na história da cidade, e disse que "o que existiu foi início de algazarra. Início de baderna que estava programado".

Clodoaldo é do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e está em seu segundo mandato. O peemedebista ainda falou sobre as medidas tomadas pela Câmara dos Vereadores que, frequentemente, favorecem a prefeitura. Na entrevista exclusiva ao blog Fala Kaique, o prefeito também se posicionou acerca do transporte e educação da cidade.


Prefeito Clodoaldo Leite (PMDB-SP) cumpre o segundo mandato em Embu-Guaçu
(Foto: Reprodução/YouTube)
Explique por quê as contas de 2011 da prefeitura foram rejeitadas pelo Tribunal das Contas do Estado de São Paulo e mesmo assim aprovadas, por oito votos a dois, na Câmara.

Todo ano, entre março e maio, os fiscais do Tribunal de Contas vêm e analisam as contas do ano anterior. Eles fazem um pente fino em tudo que a prefeitura comprou, tudo que licitou, como comprou, como licitou. Se pagou, se não pagou. Em todos contratos da prefeitura. A gente é, literalmente, investigado de cabo a rabo. Tudo que foi feito de investimento na cidade no ano anterior. Eles fazem uma análise e mandam para o auditor e o auditor aprova, aprova com pendências ou rejeita as contas. Algumas contas dão erros, outras não batem algumas coisas e algumas são aprovadas. Minhas, por exemplo, em 2009 foram aprovadas; 2010 e 2011 não foram aprovadas direto pelo Tribunal de Contas, então vem e a câmara ratifica ou retifica o parecer. Ela tem esse poder de ratificar ou retificar. No caso aqui os vereadores retificaram e aprovaram minhas contas de 2011.

Caso não aprovassem, quais seriam as consequências?

Eu poderia recorrer, mas de imediato ficaria inelegível. Eu não poderia me candidatar no período de oito anos.

Você acredita na força das redes sociais?

Sim.

Sua popularidade nas redes sociais não está em alta. A não aprovação das contas pelos vereadores abriria investigação, o que poderia ajudar no retorno da sua aprovação na cidade, já que você afirma que não existe irregularidade nas contas. Não concorda?

Não abriria investigações. Se não aprovassem, eu ficaria inelegível por oito anos. Mesmo assim eu teria o direito de recorrer.

Em algum momento chegou pensar que a câmara não aprovaria?

Não, bem tranquilo. Eu conversei com vereadores que me apoiam, que são da base, e em todos os momentos eles disseram que não haveria problema. Que iriam aprovar. E assim ocorreu com outros prefeitos também. Outros prefeitos que passaram por aqui também recorreram a esse sistema de aprovação das contas.

Mas essas aprovações de tudo que é favorável à prefeitura, não são para deixar a população desconfiada?

São vereadores da população. Eu acho que quando o prefeito não tem oposição na Câmara tem que desconfiar, porque significa que todos estão comendo no mesmo prato. Como já aconteceu no passado, de ex-prefeito não ter oposição na cidade. Nenhum vereador falando mal. Aí sim era para a população pensar: “como todo mundo aprova ele e a população não está aprovando?”. Mas no meu caso, eu tenho relacionamento republicano, digamos assim, com os vereadores e eles têm autonomia para divergir diversas vezes comigo. Já reprovaram projetos meus na câmara...


Falando agora em educação. Sua primeira eleição foi graças à precariedade das escolas. Você veio como um diretor, e houve a confiança da população por acreditar que a educação realmente era prioridade. Antes de qualquer coisa, quanto a prefeitura investiu na educação?

A secretaria da educação, por força de lei, tem que ter investido no mínimo 25% do orçamento. Eu cheguei a gastar aqui 33%. Hoje estamos em torno de 27,5%, 28% do orçamento investido em educação.

Mas as escolas municipais não têm qualidade tecnológica – os alunos não têm acesso a computadores, professores reclamam que sequer tem impressora, é necessário usar o sistema antigo de mimeógrafo – e escolas como União dos Sabiás têm muitos problemas estruturais. Como o senhor explica isso, já que é destinada a quantia necessária?


Embu-Guaçu é a cidade mais pobre da grande São Paulo. A renda per capita em Embu-Guaçu é de 1.700 reais por habitante/ano. Ou seja, a prefeitura arrecada 1.700 reais por cada habitante, durante o ano inteiro. Recolher lixo, ter médicos, medicamentos, transporte de alunos, merenda escolar, pagamento de funcionários. Juquitiba é 2.400 reais por habitante. Itapecerica da Serra chega a ser quase 5.000 reais por habitante. Barueri é 27 mil reais. Então, pare para perceber que Embu-Guaçu é a cidade mais pobre da grande São Paulo. Porém, são pouquíssimas, ou quase nenhuma criança que está fora da creche. Se você for em São Paulo, que é a terceira maior cidade do mundo, tem mais de 100 mil crianças fora da creche. Quando eu assumi aqui eram mais de 2.000 crianças fora da creche, hoje esse déficit praticamente zerou. A grande parte das nossas crianças, nós temos mais de 6.000 alunos matriculados, 70% a 80% desses alunos são da educação infantil: crianças de 6 meses a 5 anos de idade. A grande maioria são crianças dessa idade. Então você falar de tecnologia para crianças de 6 meses, talvez esteja um pouquinho equivocado quem passou essa informação para você. Crianças de 6 meses estar já mexendo no computador seria meio incrédulo. Agora eu convido você a conversar com qualquer sindicalista de Embu-Guaçu, ou do Siproem (Sindicado dos Professores de Embu-Guaçu) e perguntar qual município do Estado de São Paulo tem o plano de carreira melhor do que os profissionais de Embu-Guaçu. Mesmo morando na cidade mais pobre da grande São Paulo é o melhor plano de carreira, e é a cidade que tem o menor déficit de vagas em creche. Mas, ou você faz opção como se fez no passado, de falar “olha, vamos deixar poucos estudar e eu posso dar caviar”, ou eu amplio e deixo todo mundo estudando. Eu fiz a opção de abrir as portas, abrir salas em todos lugares, alugar prédios, construir e reformar salas e deixar todo mundo estudando. Todas as crianças hoje têm a oportunidade de estar estudando. Nenhuma está fora, porque temos vagas para todas faixas etárias. O que acontece é que as vezes uma criança mora no Jardim Campestre, lá no Cipó, e lá não tem o berçário, então tem que descer para o Cipó, e a mãe não quer trazer. Porque ela não quer. Porque a vaga existe. Por falar de União dos Sabiás, é uma escola que era particular, nós alugamos – é um prédio alugado – e assim que a gente conseguir um prédio próprio, vamos tirar as crianças de lá. É impróprio para estudo, realmente. Não é as mil maravilhas. Mas também não chega a ser aquele prédio horroroso, muito ruim. Nós estamos com a programação de transferir o Pronto Socorro do Cipó para a UPA que estamos construindo e no atual Pronto Socorro nós vamos fazer algumas reformas e adaptações para trazermos as crianças da União dos Sabiás para esse prédio.


Você disse que não é necessidade crianças de 6 meses a 5 anos ter acesso à tecnologia. Mas crianças do ensino fundamental também não têm acesso. Por que isso acontece e quais são os planejamentos quanto a isso?

Nós temos sala de informática na Etelvina, na escola Cecília. As duas têm primeiro a quinto ano e têm sala de informática. Talvez você esteja confundindo com escolas estaduais. Por exemplo, Hélio Luiz, mesmo Jardim Campestre, lá no Cipó...

Não estou confundindo. É muito baixo o número de escolas municipais com computadores.

Mas é que temos poucos alunos de primeiro a nono ano.

O que é feito, e o que ainda é necessário para aumentar a renda per capita do município?

Precisamos ter mais empresas atuando no município. E nesse sentido nós estamos trabalhando também. No Parque Industrial, onde era realizado a Festa Peão de Boiadeiro nós doamos para empresas. Algumas já se instalaram e outras estão se instalando. Abri uma nova rua no Parque Industrial e, com acordo de proprietários, vamos lotear para novas empresas. Serão mais dez empresas. No Cipó, no alto do morro antes de chegar no Paradão, estão saindo mais oito galpões. Por ser Embu-Guaçu uma área de mananciais, isso ficou muito tempo seguro pelo Governo do Estado, não deixando nossa cidade crescer. Nós conseguimos uma municipalização das questões ambientais. Antes, para uma empresa se instalar no município demorava uns 2 anos, 2 anos e meio para conseguir autorização. Hoje, com a municipalização disso que conseguimos no final do ano passado, para uma empresa se instalar na cidade depende somente da autorização ambiental. Desde que seja galpão de até 2.500 metros. Então isso facilitou para que Embu-Guaçu começasse a ter empresas se instalando na cidade. E quando tem empresa, ela produz e emite nota fiscal. Toda vez que ela emite nota fiscal gera um imposto e parte desse imposto fica para o município.

Foram doados terrenos públicos para empresas privadas?

Para as empresas se instalarem e gerar receita para a cidade. Gerar emprego para cidade. As pessoas estando trabalhando, pagam impostos. É para trazer investimento para a cidade. E a doação é feita por 20 anos, prorrogáveis por iguais períodos.

E o que é feito pelo município de incentivo à cultura e educação? Incentivo à leitura, por exemplo...

Nós temos a biblioteca municipal aqui em Embu-Guaçu, e na Casa de Cultura, no Cipó. Em cultura nós estamos muito tranquilos para debater, com qualquer cidadão, quem investiu mais em cultura na nossa cidade. Nós encontramos um Centro Cultural que era cedido ao Fórum, ou seja, não podíamos fazer nada lá, e em parceria com o Poder Judiciário conseguimos remover o Fórum para cá [próximo à prefeitura], então hoje temos o Centro Cultural só para nós. Estamos lá com 1.200 pessoas praticando dança, tanto em Embu-Guaçu como na Casa de Cultura. Não existia Casa de Cultura no Cipó, nós que inauguramos. Hoje tem dança de forró, sertanejo, forró universitário, zumba, axé e várias outras modalidades de danças. É o maior projeto de dança da Zona Sul de São Paulo. E tem uma fila de espera de mais de 250 pessoas ainda. Ao mesmo tempo adquirimos no mês passado a primeira casa construída em Embu-Guaçu. Uma casa que foi construída pelos escravos. Nós vamos pegas a chave semana que vem, e então vamos começar trabalhar para transformar essa casa em um museu, para resgatar a história da cidade, para preservar a história do município. Em termos de cultura nós temos também balé, teatro, aulas de teatro tanto no Embu-Guaçu, como na Casa de Cultura do Cipó.

A questão do esporte. Há um mês teve o 59º Jogos Regionais, e Embu-Guaçu foi bem no judô e no vôlei, entretanto nas demais modalidades foi muito mal. Além disso, tem reclamações da população que é investido muito no futebol e pouco em outros esportes. Contudo, o secretário de esportes afirmou que é destinado um percentual às lutas. Mas as lutas que, supostamente, há investimentos da prefeitura não foram aos jogos. Por quê?

Talvez não se destacaram ainda profissionais dessas áreas e, por isso, pensou-se em não ir. Mas no futuro, com certeza, vão estar mais preparados. Nós incentivamos também o karatê, kung fu, o judô – como foram nos representar. Adquirimos tabela de basquete e colocamos na quadra do ginásio de esportes de Embu-Guaçu. Aquela tabela móvel, coisa que era muito sonhada. Hoje tem muitos atletas treinando basquete no município. Colocamos tabelas de basquete na Praça da Cobra, e na área de lazer para que as pessoas possam treinar o streetball. Então existe a iniciativa, talvez ainda não seja o que a gente precisa, mas estamos investindo dentro do possível.

Time de futebol de Embu-Guaçu sofre com falta de investimento
(Foto: Rubens Rodrigues)
Outra questão que a população precisa saber e não tem informação nenhuma são os pontilhões. Quanto já foi gasto, o que falta, por que tantas interrupções?

Desde que eu assumi vem tendo um debate com a ALL (América Latina Logística), porque os trens paravam a cidade. Literalmente, o trem parava e nós ficávamos de 30 minutos a uma e meia parados esperando o trem sair. Desde que eu assumi nós conseguimos uma briga contra eles, que eles não podem mais parar na cidade. Eles têm que passar, apenas. Podem parar onde não tenha passagem sobre a linha do trem. E isso já trouxe uma grande melhora. Mas quando eu assumi, em 2009, nós tínhamos 12 mil carros na cidade, hoje temos 33 mil veículos. Então praticamente triplicou o número de veículos na cidade, e isso traz congestionamento, trânsito. Fizemos, então, um acordo para acabar com o problema de trem no município. O município está fazendo um pontilhão na Cavan e a ALL vai fazer dois pontilhões para nós. Em contrapartida nós vamos fechar todas passagens de linha. O da Cavan é uma obra em parceria com o Governo Federal. A população está acompanhando a crise econômica e política que está em Brasília, e desde o final do ano passado que o Governo parou de repassar o recurso. A contrapartida do município, que é de 2,7 milhões de reais está em ordem, não paguei tudo ainda, mas está em ordem na medida em que eles fizeram. E a parte do Governo Federal está em atraso. Então a empresa está paralisando a obra por conta de repasse financeiro do Governo Federal. Eu tenho ligado constantemente em Brasília, tenho ido lá, mas infelizmente o Governo Federal ainda não tem repassado. O segundo pontilhão nós desapropriamos a área e a ALL está fazendo. Vai ficar pronto em outubro deste ano. Quando terminar este pontilhão do Recanto da Lagoa, nós vamos desapropriar a parte de baixo da linha do trem e vamos abrir uma rua paralela para sair no Granjinha e, então, vamos fechar a passagem do Granjinha também. Portanto vamos eliminar a passagem no Cavan, Recanto da Lagoa e Granjinha. Então ficará faltando o terceiro pontilhão para que a ALL faça no futuro, de modo que as cinco passagens de linha vão se esgotar na cidade.

Recebi informações que o dinheiro não havia sido repassado à prefeitura porque não foi pago a contrapartida.

Não, não procede. Exatamente o contrário. O município pagou a contrapartida, o Governo Federal que não está repassando para a gente.

E fui informado também que a principio seria feito um pontilhão no Cipó, entretanto não foi iniciado nada no distrito. O que você tem a dizer sobre isso?

Então... Estamos estudando o terceiro pontilhão ainda. No Cipó, a ALL fez um projeto, mas não contempla os anseios do distrito Cipó, porque tem que desapropriar a igreja central, o que é um pecado, já que a igreja é uma referência para o bairro do Cipó, até mesmo por ser a primeira igreja do município de Embu-Guaçu. Mais antiga do que a igreja de Santa Teresinha. Em contrapartida eles queriam fazer um pontilhão na Vila Santista, onde as pessoas teriam que andar um quilometro para baixo, e voltar um quilometro para ir da praça central para o Pronto Socorro. Então também não serviria para nós. Então estamos estudando uma outra alternativa. Uma delas é abrir uma rua na continuação da Aurora de Jesus, saindo na Estrada do Gramado, onde já tem um pontilhão. Assim não haveria necessidade de abrir outro em baixo.

Há anos Embu-Guaçu sofre demais com a saúde pública. Hospitais precários, falta de médicos, etc. Essa também foi uma de suas principais bandeiras na primeira eleição, entretanto, você já está a sete anos na prefeitura e ainda existe muitas reclamações. Como explica a situação da saúde no município?

A área da saúde é a que estou mais a vontade para debater com qualquer um. Qualquer cidadão de Embu-Guaçu. É onde a situação está melhorando a todo vapor. Primeiro que os médicos de boa qualidade estão no Cipó. Existe uma briga muito grande para passar com os médicos lá do Cipó. O povo de Embu-Guaçu, do Penteado, tem ido para o Cipó, esse o porquê de tanta gente brigando lá e querendo mais médicos. É porque os melhores médicos, os bons médicos – assim como temos médicos aqui – estão lá. Então existe um clamor muito grande para passar com esses médicos, porque são realmente médicos bem qualificados e tem um carinho muito grande pelo povo do Cipó. Nós estamos investindo em PSF (Programa de Saúde da Família), criando postos de saúde em todos os bairros. Nós já inauguramos no Jardim Campestre; esse mês de agosto vamos inaugurar o Recreio Represa, no Cipó. Depois vamos para o Granjinha; vamos inaugurar um na região do Cipozinho, Vila Schunck e Granjinha. E estamos construindo o do Vila Dirce, na antiga Afalesp. Dessa forma cada bairro terá o seu médico, assim vamos diminuir o número de pessoas que vai precisar ir para o Pronto Socorro. Fizemos concurso público, estamos chamando agentes comunitários de saúde. Esses agentes são as pessoas que vão bater de casa em casa e vão fazer os agendamentos de consultas, exames. E vamos fazer a ligação entre a família e o posto de saúde. Quando você fala de precariedade, a precariedade da saúde é no país, não em Embu-Guaçu. Aqui nós somos espelhos para outros municípios. Estamos virando espelho para outros municípios. Já inauguramos, também, posto de saúde no Val Flor, no Filipinho. Estamos construindo no bairro do Flórida, mas mesmo assim o médico já está atendendo no salão da igreja católica; estamos construindo no Recanto da Lagoa, mesmo assim o médico está atendendo no salão da igreja católica. Então estamos fazendo o mesmo Programa de Saúde da Família aqui em Embu-Guaçu. Ou seja, 100% do município vai ficar coberto de postos de saúde. Em 50 anos de história nós tínhamos 5 postos de saúde: Hospital Paulo Maneta, UBS Dois aqui no centro, Penteado, Sapateiro e Trinta e Sete. Na minha gestão, seis anos e meio, e mais um e meio para completar; em oito anos nós vamos entregar nove postos de saúde. Então estou bem à vontade para gente debater saúde com a população. Paralelo a isso, no Pronto Socorro de Embu-Guaçu, Unidade Mista de Saúde de Embu-Guaçu, conseguimos realizar uma parceria com o Hospital São Cristovão. E eles de uma forma para atender uma filantropia, ou seja, para eles abaterem no imposto de renda, estão atendendo gratuitamente para gente no hospital de Embu Guaçu. A parte médica. Estão colocando cinco médicos na porta, sendo um deles, durante o dia, médico pediátrico coisa que nunca teve na cidade. Hoje nós temos: uma médica pediátrica atendendo no Pronto Socorro.

Algumas fontes me falaram que há médicos que dão atestados para terceiros, por intermédio de funcionários dos hospitais, sem sequer atender o paciente. Em troca disso, o funcionário do hospital se apresenta como candidato às eleições 2016. Você tem conhecimento dessas informações?

Ouve-se falar. Eu nunca tive uma denúncia por escrito, nunca recebi nada. Nunca pedi isso a médico nenhum e abomino esse tipo de conduta. Se ficar sabendo, e tiver provas a gente pune.

Na segurança pública: O que foi feito e o que é planejado para até o fim do mandato?

Caixa eletrônico é alvo
de assaltos no Cipó
Segurança pública: responsabilidade e obrigação do Governo do Estado de São Paulo, não do município. A guarda municipal é responsável pelo patrimônio público, apenas. Sabemos das dificuldades do Governo do Estado, tanto que eu, como prefeito, sou favorável a municipalização da segurança. De que se transfira essa obrigação para o município. Mas hoje é de responsabilidade do Estado. Eu faço as minhas cobranças, mas não sou responsável direto pela segurança. Mesmo assim praticamente triplicamos a quantidade de guardas municipais, quando eu entrei eram 32, hoje estamos com 74. Ultimamente ainda chamei mais dez. Criei a Guarda Rural Ambiental, há um mês, para coibir o desmatamento, coibir os assaltos e roubos nos agricultores, na parte mais longe da cidade.



Já que falou da parte que cabe à prefeitura cobrar do Governo do Estado, vamos para a outro ponto de muita desaprovação na cidade: transporte público intermunicipal. Todo ano há aumento da tarifa, ônibus vivem cheios, demorados. Ônibus velhos, comparados a outras cidades... É um caos. Qual o papel da prefeitura quanto aos ônibus intermunicipal?

O papel é só a cobrança. Pois como você bem disse a obrigação também é do Governo do Estado de São Paulo. Tanto que existe, em todos os ônibus, a bandeira escrita “Governo do Estado de São Paulo”. Porque como ele é intermunicipal, sai de um município e vai para outro município, então nem Embu-Guaçu, nem a prefeitura de São Paulo são responsáveis. É o Governo do Estado que é responsável. Acho que é um ponto crucial. A pior parte que sobra para Embu-Guaçu é o transporte. Acho que esse é o ponto mais crítico da cidade, infelizmente o Governo de São Paulo não tem olhos para isso, e a população cobra do prefeito, equivocadamente. A gente agenda conversas constantes com a EMTU, mas dificilmente atendem e quando atendem não cumprem aquilo que prometem.

Mas o transporte municipal também é um problema. Nenhuma linha roda com ônibus novos, e esse ainda não é o maior problema. Os bairros Vale das Fontes, Ponte Alta, Paiol Velho são pessimamente atendidos, com transporte passando apenas algumas vezes ao dia. Por que isso acontece?

A demora é pela questão da distância que é grande. Se colocar dois ônibus para ir para Ponte Alta, por exemplo, tem um déficit orçamentário muito grande, porque elas vão andar vazias. Então quando anda uma só, anda lotada, e a demora é porque para ir lá e voltar, leva três horas. Por isso a perua é de três em três horas. Por conta exatamente do número de passageiros que transitam diariamente, não é o suficiente para colocar duas. Tem muita gente morando lá, mas muitos andam de carro próprio.

Por que existe tantos problemas de pavimentação na cidade? Quais foram os investimentos, quais são os planejamentos?

Asfalto do bairro do Flórida
sofre deterioramento
Nós estamos passando por dificuldades, assim como o país está passando, e a gente fez prioridades absolutas, que são na educação e saúde. Prevemos agora para o segundo semestre desse ano um tapa-buracos muito forte e recapeamento de algumas vias  para evitar esses problemas. Hoje o meu maior problema na cidade são os buracos. No passado foi feito um asfalto de péssima qualidade, asfalto que a gente chama de “eleitoreiro”, que serve apenas para ganhar votos. Eu disse para população nas duas campanhas, que eu preferiria fazer menos asfaltos, mas de melhor qualidade, diferente daquilo do passado que pintavam o chão para ganhar voto.

Mas voltando aos bairros Vale das Fontes, Ponte Alta, Paiol Velho, Gramado, que não têm asfaltos...

Tudo São Paulo. Não posso mexer.

Se é São Paulo, porque o transporte é do município de Embu-Guaçu?

Eu pedi uma autorização, e eles autorizaram. Até porque pessoas utilizam bancos em Embu-Guaçu, mas investir lá eu não posso porque as pessoas não pagam imposto em Embu-Guaçu.

E cabe a prefeitura de Embu-Guaçu cobrar as demais prefeituras? Por que tem bairros lá que pertencem a Itanhaém também, correto?

Itanhaém, Juquitiba... Caber, não cabe, assim como não cabe ao prefeito de Juquitiba me cobrar para arrumar uma parte de Embu-Guaçu. Cabe a mim mesmo fazer. A população tem que cobrar. É que territorialmente é muito difícil a prefeitura de Juquitiba vir até o Paiol Velho; para prefeitura de Itanhaém vir até o Santa Rosa... Então acaba vindo a cobrança para mim. Mas desde que eu entrei, tirei os impostos de todos os loteamentos de lá, que pagavam em Embu-Guaçu, e devolvi para os municípios o qual eles realmente pertencem.

Também há muitas reclamações por causa da iluminação da cidade...

Até o ano passado a iluminação era feita pela Eletropaulo, e a presidente Dilma por conta não sei do que municipalizou a iluminação pública. Então, os ativos da Eletropaulo passaram para o município de Embu-Guaçu, desde então vem a responsabilidade para o município. Nós fizemos uma licitação, uma empresa do nordeste ganhou, e não está fazendo o serviço a contento, então nós estamos entrando na justiça para cortar este contrato. A partir do momento que a empresa não está cumprindo, nós vamos cortar o contrato e licitar novamente e contratar uma outra empresa.

E procede a informação que a prefeitura está devendo cinco milhões de reais em manutenção de iluminação?

Não, de maneira nenhuma. Se não me engano, não chega a 200 mil reais. Ao total da prefeitura não temos essa dívida.

Essa dívida de 200 mil reais, que seja, não afeta a parte de manutenção?

Não. Já não pagamos porque eles não estão fazendo o serviço a contento.

É empenhado 58% da receita de Embu-Guaçu no pagamento de funcionários públicos?

Não, não pode. 58% a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite. Hoje é 51%.

E é necessário todo esse gasto?

Quase todas prefeituras a média é essa.

Recebi informações que a dívida da prefeitura chega 30 milhões de reais. Procede?

Não procede. Se fosse de 30 milhões de reais, Embu-Guaçu já teria parado.

Essas informações vieram de vereadores do município, na Câmara.

Vereador da oposição. Quem tem boca fala o que quer.

Então esse vereador mentiu?

Mentiu. É mentiroso!

A prefeitura gasta mais do que arrecada? É necessário?

Não, não existe... Não pode. Na verdade, como a gente trabalha com recursos públicos existe uma perspectiva de arrecadação.  Então a gente prevê no final de um ano para o ano seguinte, e baseado no que arrecadamos esse ano, no ano seguinte vamos ter X de arrecadação. Quando não arrecada aquilo que se prevê, fica em déficit. Normalmente gira em torno de 3%, 4%. Esse ano a arrecadação que a gente previa era de 115 milhões de reais, mas não vamos chegar e esse valor por conta da crise. As empresas não estão produzindo, pagam menos impostos, e a gente arrecada menos. Então não vai chegar a 115 milhões. Então o que eu vou fazer, se tinha programado para gastar 115 milhões? Por isso fica um déficit. Por isso eu tenho que cortar algumas coisas para não ter esse déficit tão grande.

No aniversário de Embu-Guaçu esse ano, pela primeira vez em cinco décadas, conforme me informei lendo e conversando com pessoas mais velhas na região, a população organizou e fez uma manifestação com número razoável de pessoas contra a atual política da cidade. O que você tem a dizer sobre isso?

Então você está mal informado.

Eu acompanhei a manifestação, e ouvi pessoas.

Manifestações já tivemos várias formas. Eu mesmo já fiz manifestação na época do Cravo Roxo. Fiz manifestação de fechar a via. O que existiu esse ano foi início de algazarra. Início de baderna que estava programado. O Poder Judiciário chamou essas pessoas, e coibiu de fazê-la. O Poder Judiciário, não a prefeitura.

Mas você reconhece que houve a manifestação e o descontentamento?

Todas as pessoas que foram notificadas pelo juiz hoje estão falando em serem candidatas. Todas filiadas em partidos políticos. Todas com intenções futuras. E pode ter certeza: todas recebendo. Todas!!

O que você destaca como pontos positivos e negativos da sua gestão ao longo desses quase sete anos de mandato?

Educação melhorou; saúde melhorou; cultura bombou, melhorou demais; obras de infraestrutura estão de melhor qualidade, nós temos CCI (Centro de Convivência do Idoso), estamos construindo dois pontilhões, fizemos ciclovia, agência do INSS, restauramos a área de lazer, Praça da Cobra que tinha um monte de madeira e mato, hoje passa lá o dia inteiro gente praticando esporte, então essa área também melhorou. E talvez a deterioração do asfalto foi o ponto negativo.

Em 2008, na sua primeira eleição, o Tribunal Regional Eleitoral indicou que o valor de bens declarados em seu nome era de 162 mil reais. Em 2012, após o primeiro mandato, e candidatura para o segundo, esse valor aumentou para 438 mil reais. Como cresceu tanto durante um mandato e continua no mesmo ritmo de crescimento?

Eu tenho uma casa muito bem avaliada, tenho três carros – meu, da minha esposa e meu filho – e ganhei de herança, no interior, mais uma casa que é para os oito filhos. Só isso.

Para finalizar, você já apoia algum pré-candidato para as eleições 2016?

Estamos trabalhando ainda. O partido vai indicar nomes. A convenção é só o ano que vem. Temos alguns nomes aparecendo.

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