"Manda busca!!!" "Relo..." Esses gritos representam o ápice da felicidade das crianças e adolescentes, carentes de espaços culturais, que têm como principal diversão o pipa no alto, nos períodos de férias. Uma sacola plástica para fazer a rabiola, um pipa que não passa do valor de um real e uma linha é o suficiente para o menino da periferia sorrir. Investimentos na educação, cultura e lazer dessa juventude, então, levariam ainda mais alegria. Logo, esses "menores" (termo muito usado nos jornais) felizes e esperançosos representarão um futuro que não terá como pauta dos debates de esquinas a redução da maioridade penal.
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Nos períodos de férias escolares, bairros periféricos têm céu colorido com pipas |
Duas medidas antagônicas são tomadas nos meses de recessos e férias dos estudantes. Uma vem de associações de moradores, movimentos sociais e de algumas prefeituras de cidades menos desenvolvidas, que é a adoção da brincadeira como ação cultural, e promove campeonatos organizados e seguros que reúne centenas de crianças, jovens e adultos para colorir o céu em um final de semana. A outra atitude é a criminalização do passatempo, como é visto frequentemente em programas sensacionalistas, que usam casos isolados de acidentes que envolvem crianças soltando pipa para criminalizar toda juventude que tem apenas isso para ocupar o tempo e a mente durante o mês sem ir à escola.
Estivemos em alguns bairros do extremo sul com crianças que se divertiam com pipas nas ruas, e perguntamos o motivo deles gostarem tanto desta brincadeira. Quase unanimemente a resposta foi "porque não tem nada para fazer". E, realmente, há enorme carência de espaços atraentes às crianças e jovens na periferia. O pipa divide espaço apenas com projetos sociais como o que apresentamos no documentário produzido pelo Fala Kaique (assista), o qual Ademilton Alves, vice-presidente do Projeto Meninos do Brejo, explicou que só diminui a quantidade de crianças interessadas no projeto em épocas de pipa.
As pessoas que se posicionam para criminalizar a brincadeira, apavorar a população indicando que os jovens que soltam pipas usam a linha para "matar motoqueiros", e coisas desse tipo, são as mesmas que querem encarcerar a juventude negra, pobre, periférica. São elas também que aparecem na favela em anos de eleições prometendo asfaltos, remédios e outras coisas mínimas. A diversão natural dos bairros marginais são incriminados, enquanto a incitação à violência pregado pelos engravatados é constitucionalizada.
Estivemos em alguns bairros do extremo sul com crianças que se divertiam com pipas nas ruas, e perguntamos o motivo deles gostarem tanto desta brincadeira. Quase unanimemente a resposta foi "porque não tem nada para fazer". E, realmente, há enorme carência de espaços atraentes às crianças e jovens na periferia. O pipa divide espaço apenas com projetos sociais como o que apresentamos no documentário produzido pelo Fala Kaique (assista), o qual Ademilton Alves, vice-presidente do Projeto Meninos do Brejo, explicou que só diminui a quantidade de crianças interessadas no projeto em épocas de pipa.
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Nos perídos de férias escolares, bairro periféricos têm céu colorido com pipas |
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