Quanto mais à periferia vive a mulher, mais sofrimentos diários ela é submetida. A novidade da mídia é o caso, tão frequente, de abuso nos transportes públicos. No dia 27/05 a repórter do Portal R7, Caroline Apple, foi abusada na Linha 3-Vermelha do Metrô enquanto ia para casa, depois do trabalho. A jornalista, que pode contar com a privilegiada oportunidade e coragem de expor o fato, denunciou publicamente o tarado reportando o caso no R7. Isto causou a revolta de dezenas de mulheres que sofrem diariamente com abuso nos transportes públicos, por isso organizaram, via Facebook, uma manifestação que aconteceu na terça-feira (02/06), dentro da Estação Sé, da Linha 3-Vermelha do Metrô.
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Estudantes de jornalismo apoiaram manifestação contra abuso (Foto: Fabiana Santos) |
Além de passar horas apertadas no transporte lotado e a exploração dos empregos precários disponíveis às mulheres, elas ainda sofrem, todos os dias, do descontrole machista criado e apoiado pela sociedade, que ainda insiste em culpar a vítima, seja por causa da roupa ou por não ter se "defendido" de alguma forma antes.
É infundável a ideia que dentro de um trem superlotado, sem condições de transporte humano, cheio de mentes possuídas pelo machismo construído desde a infância pelas novelas, jornais e programas teoricamente humorísticos, não há necessidades de colocar segurança e medidas massivas de conscientização contra esses criminosos abusadores.
Infelizmente é comum se perguntar até quando será um risco para as mulheres pagar a absurda passagem de 3,50 [em São Paulo] para ficar vulnerável a machistas, abusadores, criminosos. E pior, quanto menos condições a mulher tem de morar próximo ao centro, mais risco corre, afinal, para chegar ao trabalho é preciso enfrentar 3, 4 horas dentro de um transporte cheio de tarados protegidos pela mídia e pela ideia dominante.
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Ativistas de coletivo feminista manifestaram apoio à repórter abusada no Metrô (Foto: Fabiana Santos) |