A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (08/04), o texto-base do projeto de lei (PL - 4330/04) que amplia a terceirização da mão de obra no Brasil. Com 324 votos favoráveis, 137 contrários e duas abstenções, o projeto é motivo de descontentamento de muitos trabalhadores e sindicatos.
Para entender melhor as consequências da terceirização, segue a íntegra do texto do jornalista Piero Locatelli, para a ONG Repórter Brasil, que dá nove motivos para entender o que a mudança causará na vida do trabalhador:
Para entender melhor as consequências da terceirização, segue a íntegra do texto do jornalista Piero Locatelli, para a ONG Repórter Brasil, que dá nove motivos para entender o que a mudança causará na vida do trabalhador:
"(...) A nova lei abre as portas para que as empresas possam subcontratar todos os seus serviços. Hoje, somente atividades secundárias podem ser delegadas a outras empresas, como, por exemplo, a limpeza e manutenção de máquinas. Entidades de trabalhadores, auditores fiscais do trabalho, procuradores do trabalho e juízes trabalhistas acreditam que o projeto é nocivo aos trabalhadores e à sociedade.
Descubra por que você deve se preocupar com a mudança.
1) Salários e benefícios devem ser cortados
O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). No setor bancário, a diferença é ainda maior: eles ganham em média um terço do salário dos contratados. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, eles não têm participação nos lucros, auxílio-creche e jornada de seis horas.
2) Número de empregos pode cair
Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores. Se o processo fosse inverso e os terceirizados passassem a trabalhar o mesmo número de horas que os contratados, seriam criadas 882.959 novas vagas, segundo o Dieese.
3) Risco de acidente vai aumentar
Os terceirizados são os empregados que mais sofrem acidentes. Na Petrobras, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte.
4) Preconceito no trabalho pode crescer
A maior ocorrência de denúncias de discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e vigilância, segundo relatório da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Com refeitórios, vestiários e uniformes que os diferenciam, incentiva-se a percepção discriminatória de que são trabalhadores de “segunda classe”.
5) Negociação com patrão ficará mais difícil
Terceirizados que trabalham em um mesmo local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade deles pressionarem por benefícios. Isolados, terão mais dificuldades de negociar de forma conjunta ou de fazer ações como greves.
6) Casos de trabalho escravo podem se multiplicar
O uso de empresas terceirizadas é um artifício para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica.
7) Maus empregadores sairão impunes
Com a nova lei, ficará mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada. Em dezembro do último ano, o Tribunal Superior do Trabalho tinha 15.082 processos sobre terceirização na fila para serem julgados e a perspectiva dos juízes é que esse número aumente. Isso porque é mais difícil provar a responsabilidade dos empregadores sobre lesões a terceirizados.
8) Haverá mais facilidades para a corrupção
Casos de corrupção como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. Para o procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei libera a corrupção nas terceirizações do setor público. A saúde e a educação pública perdem dinheiro com isso.
9) Estado terá menos arrecadação e mais gasto
Empresas menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao INSS. Segundo ministros do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com maior frequência, o que gera gastos ao setor público.
Fontes: Relatórios e pareceres da Procuradoria Geral da República (PGR), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e de juízes do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Entrevistas com o auditor-fiscal Renato Bignami e o procurador do trabalho Rafael Gomes."
Contrariando o projeto de lei do relator Arthur Oliveira Maia, deputado pelo Solidariedade na Bahia, apenas PSOL, PT e PCdoB orientaram seus parlamentares. PSOL e PT tiveram todos os votos contrário ao PL. Entretanto, no PCdoB, o deputado de Pernambuco Carlos Eduardo Cadoca votou a favor.
PSDB, Solidariedade, PSD, PR, PSB, DEM, PDT, PPS, PV, PMDB, PP, PTB, PSC, PHS e PEN aconselharam o voto favorável.
As propostas de mudanças e pontos mais polêmicos serão analisados e votados na próxima terça-feira (14/04).
A seguir, a lista com os votos dos deputados de São Paulo:
DEM
Alexandre Leite - Sim
Eli Côrrea Filho - Sim
Jorge Tadeu Mudalen - Sim
PCdoB
Orlando Silva - Não
PDT
Major Olimpio - Sim
PMDB
Baleia Rossi - Sim
PP
Guilherme Mussi - Sim
Missionário José Olimpio - Sim
Paulo Maluf - Sim
PPS
Alex Manente - Sim
Roberto Freire - Sim
PR
Capitão Augusto - Sim
Marcio Alvino - Sim
Miguel Lombardi - Sim
Milton Monti - Sim
Tiririca - Não
PRB
Antonio Bulhões - Não
Beto Mansur - Sim
Fausto Pinato - Sim
Marcelo Squassoni - Sim
Vinicius Carvalho - Sim
PSB
Flavinho - Sim
Keiko Ota - Sim
Luiz Lauro Filho - Sim
Luiza Erundina - Não
PSC
Gilberto Nascimento - Sim
Pr. Marco Feliciano - Não
PSD
Goulart - Sim
Herculano Passos - Sim
Jefferson Campos - Sim
Ricardo Izar - Sim
Walter Ihoshi - Sim
PSDB
Bruna Furlan - Sim
Bruno Covas - Sim
Eduardo Cury - Sim
João Paulo Papa - Sim
Lobbe Neto - Sim
Mara Gabrilli - Não
Miguel Haddad - Sim
Ricardo Tripoli - Sim
Samuel Moreira - Sim
Silvio Torres - Sim
Vitor Lippi - Sim
PSOL
Ivan Valente - Não
PT
Ana Perugini - Não
Andres Sanchez - Não
Arlindo Chinaglia - Não
Carlos Zarattini - Não
José Mentor - Não
Nilto Tatto - Não
Paulo Teixeira - Não
Valmir Prascidelli - Não
Vicente Candido - Não
Vicentinho - Não
PTB
Arnaldo Faria de Sá - Não
Nelson Marquezelli - Sim
PTN
Renata Abreu - Sim
PV
Evandro Gussi - Sim
William Woo - Sim
Solidariedade
Paulinho da Força - Sim
Total de 42 votos favoráveis, e 18 contra. A lista com o voto de todos deputados está disponível no site da Câmara.
PSDB, Solidariedade, PSD, PR, PSB, DEM, PDT, PPS, PV, PMDB, PP, PTB, PSC, PHS e PEN aconselharam o voto favorável.
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Mais de 69% dos deputados votaram a favor da terceirização (Foto: José Paulo Lacerda / CNI) |
A seguir, a lista com os votos dos deputados de São Paulo:
DEM
Alexandre Leite - Sim
Eli Côrrea Filho - Sim
Jorge Tadeu Mudalen - Sim
PCdoB
Orlando Silva - Não
PDT
Major Olimpio - Sim
PMDB
Baleia Rossi - Sim
PP
Guilherme Mussi - Sim
Missionário José Olimpio - Sim
Paulo Maluf - Sim
PPS
Alex Manente - Sim
Roberto Freire - Sim
PR
Capitão Augusto - Sim
Marcio Alvino - Sim
Miguel Lombardi - Sim
Milton Monti - Sim
Tiririca - Não
PRB
Antonio Bulhões - Não
Beto Mansur - Sim
Fausto Pinato - Sim
Marcelo Squassoni - Sim
Vinicius Carvalho - Sim
PSB
Flavinho - Sim
Keiko Ota - Sim
Luiz Lauro Filho - Sim
Luiza Erundina - Não
PSC
Gilberto Nascimento - Sim
Pr. Marco Feliciano - Não
PSD
Goulart - Sim
Herculano Passos - Sim
Jefferson Campos - Sim
Ricardo Izar - Sim
Walter Ihoshi - Sim
PSDB
Bruna Furlan - Sim
Bruno Covas - Sim
Eduardo Cury - Sim
João Paulo Papa - Sim
Lobbe Neto - Sim
Mara Gabrilli - Não
Miguel Haddad - Sim
Ricardo Tripoli - Sim
Samuel Moreira - Sim
Silvio Torres - Sim
Vitor Lippi - Sim
PSOL
Ivan Valente - Não
PT
Ana Perugini - Não
Andres Sanchez - Não
Arlindo Chinaglia - Não
Carlos Zarattini - Não
José Mentor - Não
Nilto Tatto - Não
Paulo Teixeira - Não
Valmir Prascidelli - Não
Vicente Candido - Não
Vicentinho - Não
PTB
Arnaldo Faria de Sá - Não
Nelson Marquezelli - Sim
PTN
Renata Abreu - Sim
PV
Evandro Gussi - Sim
William Woo - Sim
Solidariedade
Paulinho da Força - Sim
Total de 42 votos favoráveis, e 18 contra. A lista com o voto de todos deputados está disponível no site da Câmara.
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