23 de março de 2015

CLASSE PREJUDICADA PELAS MEDIDAS DO GOVERNO OCUPA AS RUAS

Os dias 13 e 15 de março de 2015 entraram para história do Brasil. Quase dois milhões de pessoas foram às ruas protestar contra as medidas tomadas pelos governos estaduais e federal que prejudicam a classe trabalhadora. Os ajustes nas tarifas de transporte público, contas de água e luz, combustível, cortes de direitos trabalhistas e outras medidas tomadas pelos governantes encabeçados por Dilma, fazem com que nos últimos anos a massa popular se mobilize e tome as ruas em busca dos direitos. Assim foi em junho de 2013 e também esses dois dias de 2015.



Movimento de moradia com faixa em apoio à greve dos professores durante ato sexta-feira (13) (Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Passados cinco meses da eleição mais disputada e polarizada dos últimos 25 anos, o descontentamento com os representantes políticos das últimas décadas continua evidente. Embora tivessem alguns cartazes pedindo intervenção militar e outros métodos golpistas no dia 15, a população que foi às ruas democraticamente querem, majoritariamente, fim da corrupção, mundança no sistema partidário, fim de medidas contra os trabalhadores etc.


Na sexta-feira (13), o ato convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) contou com aproximadamente 100 mil pessoas em São Paulo, segundo a organização. Apesar da presença de bandeiras em apoio à Dilma, no decorrer do ato diversos gritos de ordem, faixas e cartazes demonstravam indignação com as medidas tomada pela petista, tornando, assim, um manifesto popular contra a corrupção e a conjuntura de medidas tomadas em acordos entre PT, PMDB e PSDB.

A mobilização de domingo (15) foi numericamente superior a de sexta-feira, contando com a presença de quase dois milhões de pessoas nas principais capatais do país, segundo números apontados pela Polícia Militar. Entretanto, notava-se na multidão as mesmas indignações: as medidas dos governantes contra a população trabalhadora.

Para o cientista político Nivaldo Correia da Silva, a manifestação de sexta-feira "não foram pró governo, mas em defesa dos trabalhadores e pela democracia". Nivaldo também comentou sobre a importância das manifestações realizadas no domingo. "Há um real descontentamento com o governo da presidente Dilma, neste sentido, toda manifestação é um direito de todos como exercício da democracia. O que não é democrático é usar desta prerrogativa pra defender ditadura".

A imprensa cobriu as manifestações de forma desproporcional. Houve, nos veículos da grande mídia, uma polarização que apontava o ato de sexta-feira como algo completamente oposto ao de domingo. Sendo o de domingo completamente a favor do impeachment, e sexta exclusivamente de petistas. Nas ruas não via-se isto. Nos dois dias notava-se massivamente a presença de pessoas cansadas com os rumos tomados pelos prefeitos, governadores e presidente. Sem contar a aversão com vereadores, deputados, senadores.

Diferentemente do que os agentes do Governo querem mostrar, o descontentamento que tomou as ruas não é do 1% elite da população mas, sim, de quem sente diariamente no bolso os altos valores das tarifas do transporte público, dos alimentos, das contas de água e luz, do combustível. De quem vê os direitos sendo cortado, os salários reduzidos, o emprego em risco. E, contrário ao que a oposição liderada pelo PSDB defende, a população que esteve nas ruas também não quer um golpe à democracia, tampouco ter de volta os mesmos políticos dos anos 90. Contudo, quer uma mudança nas medidas para que não seja a classe trabalhadora a encarregada por pagar a crise.