16 de dezembro de 2015

AMEAÇAS E AGRESSÕES DE PMS CONTRA ESTUDANTES E JORNALISTA

Cerca de 60 estudantes, professores e jovens adeptos Black Bloc se organizaram no Masp, no final da tarde de terça-feira (15). Depois de muita conversa entre os estudantes, decidiram iniciar ato fechando as vias até chegar à Secretaria Estadual da Educação, na Praça da República. A manifestação começou por volta das 20h, saindo do Masp, na avenida Paulista, desceu a rua Augusta, caminhou pelas ruas Xavier de Toledo e Barão de Itapetininga, no centro, até finalizar na Praça da República, em frente a Secretaria da Educação.

Kaique Dalapola, autor do blog Fala, Kaique, agredido pela PM
Desde o início da manifestação, na av. Paulista, alguns estudantes da Escola Estadual Fernão Dias, a segunda escola ocupada no estado, estavam sendo ameaçados por policiais militares, que diziam: “quando chegar no centro quero ver você cantar”, entre outras ameaças. Quando o ato chegou na Praça da República, há alguns metros da Secretaria da Educação, os alunos da E.E. Fernão Dias que estavam sendo ameaçados entraram na estação República do metrô para ir embora, o que gerou nítida confusão entre os PMs, que indiscretamente gritaram para os estudantes continuarem até a Secretaria. “Vai arregar? Termina o ato aí ’cuzão’”, disse um dos policiais aos alunos da Fernão Dias.


Estudantes caminharam da av. Paulista até Praça da República
Já há poucos metros da Secretaria, os policiais fecharam o cerco para que ninguém mais saísse. Eu, que estava pegando alguns relatos dos estudantes para fazer uma matéria sobre o ato, fiquei com alguns professores, afastado do grupo principal. No entanto, quanto mais próximo ia ficando da Secretaria da Educação, mais os policiais hostilizavam, dizendo “filma nós agora. Fica ‘felizinho’ com a manifestação agora”. Os estudantes chegaram, então, em frente à Secretaria, quando houve alguns gritos de policiais e a Tropa de Choque foi pra cima dos manifestantes que haviam sentado há alguns metros à frente da Secretaria da Educação. Começou, então, a correria e vários estudantes levando socos, chutes e golpes de cassetete. Fiquei há alguns metros do grupo que estava apanhando, e vi um estudante vindo em minha direção, apanhando de um grupo de cerca de sete policiais. Neste momento, me virei e decidi caminhar, sem correr, em direção à estação de metrô, que estava cerca 10 metros de distância. Quando me virei, deparei com um grupo de policiais. Caminhei devagar sentido ao metrô, para mostrar que estava trabalhando, quando os policiais começaram a gritar: “Corre, corre, filho da puta”. Então comecei correr. Logo, um grupo de policiais me cercou, e eu senti um golpe de cassetete, de cima para baixo, que acertou a minha testa. Fiquei tonto por cerca de 30 segundos, de cabeça baixa. Tentei, por duas vezes, descer a escola rolante, mas as duas estavam subindo, e os policiais me pressionado, gritando e me cercando. Cheguei, então, na escada fixa, e senti que estava com a cabeça sangrando. Quando segurei no corrimão, os policias me deram chutes por trás, na tentativa de me derrubar da escada, entretanto, me segurei no corrimão e desci à estação.

Na estação, não foi permitido que eu passasse pela catraca, por estar sangrando. Depois de alguns minutos, quando limpei o sangue, entrei no metrô, com auxílio de alguns professores e estudantes secundaristas, e fui ao Hospital das Clínicas, onde levei cinco pontos.



Um comentário:

  1. Sinto muito por tudo que passou, mas a principal arma contra esse obscurantismo é a luz: trazer para a luz do sol os relatos de seu testemunho e dos que colheu com estudantes, professores, pais etc. Estou curioso para ler tudo que colheu nesse "campo de guerra". Não baixe a cabeça, Kaique, é exatamente isso que querem fazer. O sucesso das ocupações só foi conquistado porque muitos a levantaram, dando um basta a todo descaso com a educação, escolas e alunos. Vá em frente.

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