Por Vinícius Vieira, Nicolly Soares e Kaique Dalapola
Em meio à correria e insegurança da multidão no centro de São Paulo, na saída da estação República do Metrô (uma das mais movimentadas do estado) está a hippie Rebeca Delgado, 33 anos, vendendo seus artesanatos com a calma e pacificidade da ideologia hippie, a qual a encanta desde os 17 anos, quando começou viajar para vender artesanatos e conhecer outros hippies.
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Rebeca Delgado trabalhando na República (Foto: Kaique Dalapola) |
A hippie, que na adolescência
teve curtas experiências como garçonete e operadora de telemarketing, afirma
que hoje se sente mais feliz em sua presente profissão, na qual trabalha ao ar
livre e é dona do próprio negócio: “O que eu gosto mesmo é de fazer
artesanato”. E mesmo não tendo completado o ofício de garçonete, Rebeca, em seu
novo ramo, tem contato direto com público e faz um bom atendimento. Enquanto
dois jovens olhavam para os produtos vendidos e fabricados por ela, a mesma,
com sorriso no rosto e voz doce, orientou os clientes dizendo que podiam “ficar a vontade" para olhar os produtos expostos na calçada. Quando finalmente foi questionada sobre o valor de um
anel, ela respondeu com o mesmo tom amigável: “Esse está sete reais cada um, bora levar?”.
Com esse trabalho no centro
de São Paulo, a sua renda mensal, segundo ela, chega em torno de R$ 1.000,00. Entretanto, há determinadas mudanças: “Varia muito de acordo com as vendas, posso
tirar em um dia de trabalho 500 reais”. Com o dinheiro ela sustenta a filha,
paga o aluguel e compra materiais para produzir mais artesanatos.
A família de Rebeca
hoje se resume a citada filha que, ao contrário da mãe, abomina a cultura
hippie e já tem um grande sonho em mente: “Ela quer estudar, quer ser
estilista”. E ao marido, o qual amigou, chamado Adriano, que trabalha
diariamente ao lado de sua barraca.
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Diversos artesão ganham a vida no centro de São Paulo (Foto: Kaique Dalapola) |
Ao ser questionada se considera uma pessoa apolítica, ela é bem taxativa: “não me relaciono muito com a política. Procuro sempre estar por dentro de todos os assuntos, sei de todos os descasos, se precisar fazer alguma manifestação até compartilho da ideia”. Porém, as diferentes convicções políticas de cada integrante do movimento hippie faz com que o tema não seja prioridade entre eles.
O corpo coberto por tatuagens revela as raízes, os gostos musicais e até mesmo a
crença da jovem hippie, que contraria a própria essência do movimento. “Eu não tenho nenhuma religião, mas acredito muito em Deus e na força da
natureza que vem de Deus também”.
Apesar
de ser paulistana, desde os 17 anos viaja por todo país, em busca de levar o
trabalho às cidades. Ela afirma que voltou para São Paulo somente por questões
financeiras, mas pretende voltar para São Tomé das Letras, pequena cidade de
Minas Gerais onde morou durante os últimos sete anos. “Quero sugar tudo de bom
que São Paulo tem e também fazer minha parte. Mas quero um dia, sim, morar em alguma
cidade menor ou interior”.
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INDICAÇÃO E SUMIÇO
Este perfil foi feito em abril deste ano para desenvolvimento de Projeto Integrado da FAPSP (Faculdade de Comunicação), no qual teria que apresentar o perfil de um "trabalhador invisível do centro de São Paulo". Em setembro, o texto foi indicado ao prêmio de melhor Projeto Integrado da Faculdade, concorrendo com outros dois projetos. A premiação acontecerá na sexta-feira (09/10), fechando a Semana de Comunicação da FAPSP.
Depois de ter finalizado o texto, fomos novamente atrás de Rebeca, entretanto, a hippie não voltou mais à Praça da República. Provavelmente continua sua vida ambulante, sendo feliz por outras terras, sem sequer saber que estamos falando dela pela internet. Tampouco que um pedaço do cotidiano dela está concorrendo a um prêmio de melhor texto-perfil.
Não sei por onde anda essa hippie super atenciosa, mas se um dia ver ou ficar sabendo desta postagem, fica aqui nosso muito obrigado e boa sorte!
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INDICAÇÃO E SUMIÇO
Este perfil foi feito em abril deste ano para desenvolvimento de Projeto Integrado da FAPSP (Faculdade de Comunicação), no qual teria que apresentar o perfil de um "trabalhador invisível do centro de São Paulo". Em setembro, o texto foi indicado ao prêmio de melhor Projeto Integrado da Faculdade, concorrendo com outros dois projetos. A premiação acontecerá na sexta-feira (09/10), fechando a Semana de Comunicação da FAPSP.
Depois de ter finalizado o texto, fomos novamente atrás de Rebeca, entretanto, a hippie não voltou mais à Praça da República. Provavelmente continua sua vida ambulante, sendo feliz por outras terras, sem sequer saber que estamos falando dela pela internet. Tampouco que um pedaço do cotidiano dela está concorrendo a um prêmio de melhor texto-perfil.
Não sei por onde anda essa hippie super atenciosa, mas se um dia ver ou ficar sabendo desta postagem, fica aqui nosso muito obrigado e boa sorte!
legal, gostei do Blog.
ResponderExcluirMuito obrigado. Volte sempre! :)
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