13 de agosto de 2014

RICARDO KOTSCHO E ECO MOLITERNO DEBATEM "COMUNICAÇÃO QUE TRANSFORMA" NO EVENTO "ENTREVISTA ABERTA"

“Falta tesão nos profissionais do jornalismo hoje”. Essa é a opinião do repórter Ricardo Kotscho, autor de livros consagrados na área de Jornalismo como Do golpe ao planalto - Uma vida de repórter e A prática da reportagem.

Kotscho, que foi assessor de imprensa da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de 1989 e 2002 e Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República em 2003, defende que o verdadeiro repórter precisa sair mais da redação, a fim de encontrar boas histórias e enxergar a verdadeira natureza dos fatos.

A declaração foi dada durante o evento “Entrevista Aberta”, realizado no último sábado (09/08) pelo portal Jornalirismo, que também teve como participante o publicitário Eco Moliterno, head da área digital da agência África, coordenador de criação de campanhas para diversas empresas.

O evento, que teve como tema “Comunicação que transforma”, aconteceu no espaço Hub B4i, na zona oeste de São Paulo, contando com cerca de 50 participantes entre profissionais e estudantes de comunicação. O encontro funcionou no esquema de uma entrevista coletiva, com os participantes fazendo perguntas diretamente aos entrevistados. 

A entrevista foi repleta de frases marcantes, esclarecimentos e muito bom humor, diante dos questionamentos do público.

Perguntado sobre os erros cometidos hoje pelos profissionais de jornalismo, Kotscho ressaltou a necessidade da apuração rigorosa do fato e disse que em busca do furo de reportagem de forma imediatista pode-se cometer erros que depois precisam ser corrigidos, o que afeta a credibilidade do repórter.

Sobre a influência do editor na alteração da notícia, Kotscho isentou os editores de culpa e alertou que os jornalistas devem cobrar mais respeito pela preservação da íntegra de seus textos: "Matéria assinada ninguém mexe. É falsidade ideológica". O repórter afirmou que os editores nunca alteraram seus textos.

Tá de brincation with me?

Filho e neto de jornalistas, Eco Moliterno contou que "levou sorte" para começar na profissão de publicitário. Para Moliterno, a falta de espaço para novos profissionais na publicidade quando ingressou na carreira fez com que ele fosse um dos pioneiros na comunicação em mídias digitais. "Tinha uma fila gigante [na publicidade tradicional], abriu outro caixa [das mídias digitais] e eu fui pra fila. Quando olhei pra trás já tinha um monte de gente atrás de mim", comparou o publicitário, para explicar seu ingresso na área.

Quando indagado sobre a resolução 163/2014 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), que considera abusiva toda publicidade direcionada à criança, Moliterno respondeu que "é necessário haver algum tipo de restrição para a criança não criar um desejo demasiado para o consumismo, mas que tinha de ser uma sanção um pouquinho mais maleável".

O publicitário foi um dos criadores da campanha para o xampu Head&Shoulders, com Joel Santana falando inglês: “Você tá de ‘brincation’ with me?”. Segundo ele, como essa frase teve uma repercussão maior do que a esperada, a campanha deixou outras que haviam sido criadas de lado, para dar foco nesta. Moliterno defendeu que a publicidade deve criar peças esperando o compartilhamento. “Não criamos para as pessoas verem, mas para elas compartilharem”.

A entrevista durou mais de duas horas e meia e, após o fim das perguntas, os entrevistados sentaram à mesa para conversar individualmente com o público presente.


Por Kaique Dalapola e Tiago Alves da Silva