O funk de hoje está muito mais ousado do que o de outrora. Em nada se pode comparar aquele velho "Eu só quero é ser feliz (...)" com as atuais letras que falam desde a marca de grife da roupa usada até a arma que será usada no (suposto) assalto.
O que ninguém consegue entender é o porquê de tanta variação, que já acontecia antigamente, e quando o funk deixará de ser o ritmo proibido das periferias do Brasil.
Vários mestres de cerimônias conseguiram atingir o auge cantando o famoso e atual Funk Ostentação. Letras ousadas e sem palavrões, apologias ou algo do tipo. Alguns deles conseguiram, inclusive, grande espaço na mídia, como Mc Gui, Mc Guimê, entre outros.
Finalmente o ritmo dava indícios que havia deixado de ser exclusivo das periferias, e suas novas letras poderiam ser ouvidas pelas crianças mais pobres aos adultos mais ricos sem ofender nenhuma das classes. Pelo menos isso foi o que a mídia tentou passar!
Mas na verdade o funk nunca deixou de ser o ritmo proibido destinado às comunidades. Enquanto a mídia passava sucessos como O Bonde Passou, Na Pista Eu Arraso e outras músicas consideradas "menos ofensivas", as casas dos bairros mais pobres e os verdadeiros bailes funks continuavam tocando os proibidões, que são tão conhecidos por suas letras de total assentimento ao crime e libertinagem. Citações e apoio ao uso de entorpecentes e armas em bailes funks são muito mais comuns do que simplesmente dizer que o bonde passou.
Os mcs afirmam que em nenhum momento incentivam o uso de drogas, mas assim como fazem os cantores de Funk Ostentação, quando exaltam uma marca que está na moda, eles simplesmente relatam o que está acontecendo nos bailes, que é o uso das drogas, ou seja, se não houvesse uso de drogas nos bailes não haveriam músicas exaltando a prática.
O fato de 71% dos ouvintes de funk serem de classes C, D e E (segundo pesquisa IBOPE 10/2013) e estes preferirem o proibidão ao ostentação, faz com que o proibidão continue crescente, mesmo com o Funk Ostentação ganhando espaço em televisão e rádio. Embora a televisão seja uma das maiores vitrines para um artista, é muito efêmero. Assim força os cantores a optar pelo ritmo proibido.